segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Mensageira

Senti-me assustada. Era a primeira vez que ia viajar entre mundos. Após vários meses a estudar a língua falada naquele mundo, os seus hábitos e a sua cultura devia sentir-me preparada para esta viagem. Mas não era assim que me sentia. Ia encontrar uma realidade muito diferente da que estava acostumada.

Ia entregar uma mensagem da minha rainha ao presidente do reino. Era uma mensagem confidencial e eu não fazia a mínima ideia do que estava dentro daquele envolve selado. Só sabia que a rainha esperava que eu conseguisse levar-lhe a resposta.

Quando cheguei ao limbo, o local que fazia fronteira entre todos os universos. Encontrei o mestre, um homem alto, com cabelo e barba branca, vestes azul muito escuro e olhos de um verde que nunca tinha visto. Não era o meu mestre nem sabia se ensinava alguma coisa a alguém, mas era assim que todos o tratavam.

Cumprimentei-o e expliquei a razão da minha vinda. O mestre com a sua vós calma, conseguiu tranquilizar-me um pouco. Explicou-me que o mundo que ia visitar era lindo e estava a numa prolongada época de paz. Falou-me do seu povo e das suas tradições e hábitos. Embora tenha estudado estes temas, não pude deixar de adorar ouvir aquela explicação. A sua descrição era tão vivida que senti-me como se tivesse a ver a magnífica espécie de cavalos alados que só existiam naquele mundo e as maravilhosas florestas, com árvores tão grandes como os arranha-céus do meu mundo.

O mestre deu-me um embrulho com um elegante vestido comprido. Explicou-me que aquela sociedade que eu ia visitar não via com bons olhos o meu vestido, que deixa demasiada pele à mostra.

- Nem acredito que não lhe tinham dado uma roupa adequada.

Aquela afirmação não me deixou confortável com a minha preparação. Tirando o vestuário adequado, o que mais não saberia sobre o mundo que iria visitar.

Um outro viajante entre mundos apareceu no limbo e o mestre foi ajuda-lo e aproveitei para mudar de roupa. O outro viajante tinha pele avermelhada e parecia bem mais experiente. Aguardei um pouco, com o desconfortável vestido, enquanto o mestre auxiliava o homem, a entrar numa das pequenas e luminosas bolas que serviam de porta para um dos milhares de mundos existentes.

O mestre regressou para junto de mim e ajudou-me a entrar para outra bola luminosa. A que serviria de entrada para o mundo que visitaria. Fui sugada pelo brilho da bola, depois senti-me a cair. Gritei assustada. Andei as voltas, até que cai o meio de uma superfície lisa e brilhante.

Olhei à volta, estava numa sala onde três das quatro paredes eram feitas de vidro e a outra de pedra azulada. O vidro permitiu ver a magnifica floresta, que conseguia ser ainda mais bonita do que tinha imaginado. Gritei como uma louca, mas desta vez foi de felicidade.

Tinha chegado ao meu destino!

Pus-me de pé e reparei que a parede de pedra tinha uma pequena porta, que se abriu para entrarem dois pequenos soldados com o símbolo, que segundo os livros que tinha lido, representava a guarda do presidente.

Os dois soldados eram bastante atraente e caminhavam com confiança. Cumprimentei-os e apresentei-me. Expliquei que tinha vindo entregar uma mensagem ao presidente deles e que sentia-me muito honrada em puder ver este lindo mundo.

Apesar de falar suficientemente bem a língua deles para ter a certeza que me percebiam, os soldados ignoraram a minha explicação, rodeando-me e arrastando-me para uma sala atrás da porta.

Quase entrei em pânico. O que ira acontecer comigo?

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